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#CPBR9 - Com misto de autoajuda e biografia, apresentação de Imahara decepciona

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Para um dos Magistrais da Campus Party Brasil deste ano, a apresentação de Grant Imahara foi bastante decepcionante. Não que a palestra do antigo membro de Mythbusters e engenheiro da Industrial Light and Magic (ILM) tenha sido desanimada ou chata, mas foi completamente sem propósito. Com a promessa de discutir a utilização da engenharia no mundo do entretenimento — uma das especialidades do americano, que trabalhou em filmes como Star Wars e Jurassic Park — se resumiu a uma mescla de apresentação motivacional com um testemunho biográfico pouco relacionado com o tema da conversa.

Tanto que o tema original só foi retomado nos minutos finais da conversa, quando uma garota na plateia perguntou o que ela precisaria fazer para trabalhar, como engenheira, no mundo do cinema e da TV. E, ainda assim, ele abraçou o discurso da autoajuda, dizendo que ela precisaria correr atrás de seus sonhos e agarrar as oportunidades que aparecessem na sua frente, citando o período em que ele estagiou na Lucasfilms como exemplo disso.

Mas isso não quer dizer que uma das maiores atrações da última quinta-feira (27) na CPBR9 foi um completo desastre. Mesmo com a quebra na expectativa, a apresentação teve seus bons momentos, principalmente pelo carisma de Imahara, aliado ao seu currículo invejável. Não é todo dia que temos alguém que trabalhou em Star Wars, Star Trek e Jurassic Park à nossa frente.

Grant Imahara

E foram exatamente essas histórias que fizeram com que a palestra fosse interessante. Em meio a uma apresentação de slides motivacional, com dicas como "encontre um mentor", "abrace as oportunidades" e "siga seu sonho", ele presenteou o público com várias curiosidades sobre os bastidores desse mundo da robótica e explicou um pouco como as suas habilidades como engenheiro ajudaram a reinventar aquilo que vimos na TV e nos cinemas.

O caso R2-D2

Pouca gente sabe, mas Grant Imahara foi um dos responsáveis pelo redesign de R2-D2 nos Episódios I, II e III. "Eu cresci vendo Star Wars e fui ao cinema com a minha mãe assistir a Uma Nova Esperança, em 1977, e foi ali que eu decidi que queria trabalhar com robôs", conta o engenheiro, que diz que o simpático robozinho sempre foi um de seus heróis dentro da série. "Quando me contaram que eu iria refazê-lo, tive um nerdgasmo".

Grant Imahara

E o trabalho não foi fácil. Imahara apresentou as diferenças entre o conceito original de R2 e aquilo que eles fizeram para a segunda trilogia. E não se tratava apenas de tirar a pessoa que ficava dentro da estrutura, mas dar vida ao personagem. Para isso, além do terceiro pé que foi adicionado para dar mais estabilidade, ele criou o sistema que movimentava o "olho" do robô.

A experiência Mythbusters

Como não poderia deixar de ser, sua experiência junto com o programa Mythbusters foi o principal tema do bate-papo. Ele contou seu momentos favoritos, experimentos que não foram ao ar e como ele acabou se envolvendo no projeto. E, vamos combinar que ninguém imaginava que ele entrou no show após ter participado de uma batalha de robôs contra Jamie Hyneman, um dos apresentadores do programa.

Segundo ele, foi a sua paixão por ciência e tecnologia que o levou a entrar na equipe. "Eles precisavam de alguém que ajudasse a construir as coisas para os testes e a minha experiência com animatronics e coisas do tipo ajudou bastante", conta o engenheiro, que relembra o quanto era divertido trabalhar com todos ali. "Com exceção da parte de obter e organizar os dados, a gente não levava as coisas a sério e era isso que fazia as gravações serem tão boas".

Como começou

Com um novo programa prestes a ser revelado, Grant Imahara aproveitou sua apresentação na Campus Party para contar um pouco como foi o início da sua carreira. E é aí que voltamos ao momento motivacional da palestra. 

Grant Imahara

E, enquanto falava sobre a importância de ter um mentor para ajudá-lo, ele revelou que tudo começou quando ele foi atrás de Tomlinson Holmam, engenheiro responsável pelo sistema THX usado em sistemas de som de cinema. "Eu tentei entrar na universidade em que ele dava aula, mas não me aceitaram. Então, me ofereci para trabalhar em seu escritório e ele topou", conta o apresentador. E, segundo ele, essa primeira etapa foi completamente voluntária, mas que permitiu que ele aprendesse muita coisa. "Holman me deu muita coisa para ler, me levou a reuniões e me permitiu observar. Ele me deu a oportunidade para aprender".

A partir disso, ele foi para a Industrial Light & Magic, empresa de efeitos especiais criada por George Lucas. Segundo Imahara, ele decidiu se jogar nessa chance, apesar de já ter uma certa estabilidade junto a Holman. "Uma amiga me disse para aproveitar todas as oportunidades que eu tinha certeza que nunca mais voltariam. O medo faz parte da equação e, por isso, aceitei". Com isso, o engenheiro teve a oportunidade não apenas de redesenhar o R2-D2, mas também de ajudar na produção dos dinossauros de Mundo Perdido: Jurassic Park, O Exterminador do Futuro 3 e de Matrix Reloaded e Matrix Revolutions.

Para ele, o grande segredo para tudo isso é ir atrás daquilo que você gosta de fazer e dar o melhor de si para isso. "Na minha época, não tinha internet, Google ou Wikipedia. Então, era precisei ir além. Eu precisava ir aonde as coisas aconteciam", relembra destacando que foi assim que caiu no mundo das batalhas de robôs. Afinal, se a ideia era aprender a criar máquinas, nada melhor do que procurar o lugar onde as pessoas que fazem isso se enfrentam. "Hoje você tem todas as respostas na ponta dos seus dedos, então faça algo louco e pense fora da caixa", conclui.


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